Rumores apontam que Cloudflare pode estar por trás do retorno do X (antigo Twitter) no Brasil
- Ricardo
- 18 de set. de 2024
- 3 min de leitura
Na manhã desta quarta-feira (18), o X, antigo Twitter, voltou a funcionar para alguns usuários no Brasil, apesar da suspensão judicial que ainda está em vigor. O retorno parcial da plataforma gerou debates nas redes sociais e levantou especulações sobre como o acesso foi restabelecido. Fontes não oficiais sugerem que o X estaria utilizando os serviços da Cloudflare, uma empresa americana especializada em distribuição de conteúdo e segurança online, o que poderia estar facilitando o acesso de usuários brasileiros ao aplicativo.
A Cloudflare, que atua como um intermediário entre o usuário e o servidor através de proxies reversos, pode estar permitindo a comunicação entre o X e seus usuários no Brasil, apesar do bloqueio judicial. Até o momento, nem a Cloudflare nem o X confirmaram essa hipótese, mas a possibilidade levantou discussões sobre as implicações legais dessa manobra.
O gabinete do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), confirmou à GloboNews que o bloqueio à rede social permanece em vigor, uma vez que o X ainda não cumpriu com as exigências judiciais estipuladas. A Anatel também afirmou que "não houve alteração da decisão" de suspensão e que está investigando os acessos indevidos à plataforma.
O bloqueio do X no Brasil foi determinado após a plataforma não colaborar com decisões judiciais relacionadas ao combate à desinformação. No último dia 13, a Justiça Federal determinou a transferência de R$ 18,3 milhões da Starlink, outra empresa de Elon Musk, para os cofres públicos como forma de quitação das multas pelo descumprimento das ordens judiciais.
Como funciona a Cloudflare?
A Cloudflare é uma empresa americana com mais de 150 data centers espalhados pelo mundo, especializada em melhorar o desempenho e a segurança de sites e aplicativos. Seu principal serviço é atuar como um intermediário entre o usuário e o servidor, garantindo que o conteúdo seja entregue mais rapidamente e de forma segura. Ao utilizar a tecnologia de proxy reverso, a Cloudflare pode armazenar o conteúdo de um site e entregá-lo de forma otimizada aos usuários, mesmo que o servidor original esteja em outra localidade.
Caso o X esteja utilizando a infraestrutura da Cloudflare para burlar o bloqueio no Brasil, isso colocaria o governo federal em um dilema jurídico. A Cloudflare não possui representação legal no país, e bloquear completamente seus serviços poderia afetar uma vasta gama de outras plataformas que dependem de sua infraestrutura.
Implicações legais
Especialistas apontam que, caso a manobra se confirme, o STF precisaria emitir uma nova ordem judicial, desta vez contra a Cloudflare, para bloquear o acesso ao X. Contudo, essa ação pode ter repercussões maiores. Lucas Galvão, especialista em cibersegurança, explicou em entrevista ao TechTudo que bloquear a Cloudflare seria como "fechar uma avenida inteira para impedir o acesso a uma única loja", afetando outros serviços que utilizam a mesma infraestrutura.
A situação coloca as autoridades brasileiras, como a Anatel e a ANPD, em uma posição delicada. A arquitetura da internet é complexa, e o Marco Civil da Internet (Lei nº 12.965/2014) garante direitos como a neutralidade da rede e o acesso à informação. Qualquer ação de bloqueio deve ser cuidadosamente considerada para evitar impactos indesejados em outros serviços legítimos.
A situação ainda está em desenvolvimento, e as autoridades continuam monitorando os acessos ao X, enquanto os usuários aguardam esclarecimentos sobre o possível uso da Cloudflare para contornar o bloqueio.
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